quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Buscando a Cristo por Gregório de Matos

Gregório de Matos

Buscando a Cristo

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Compreendendo melhor o poema:


Como na maioria dos poemas barrocos de vertente religiosa neste podemos ver claramente em tudo seu curso a dualidade. O poeta associa a cada parte do corpo crucificado uma ação dele. Ao mesmo tempo que os braços de Cristo  estão abertos para ele receber, estão cravados para o castigar. Ao mesmo tempo que seus olhos estão abertos  para o perdoar, estão fechados para o castigar. Seus pés estão pregados para o não deixar, seu sangue para o ungir e a cabeça baixa para Cristo o chamar. No fim do poema ele revela o desejo de sempre está junto de cristo.


Neste poema podemos ver o clássico conflito do homem barroco que sempre busca a salvação, mas não deixa de pecar. Por isso nos seus poemas , Gregório sempre envolve o amor de cristo.


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